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Agrogarante realizou Webinar em outubro
2021-11-18"Gestão da Água na Agricultura" foi o tema colocado em debate no Webinarque a Agrogarante realizou em outubro. António Gaspar, CEO da Agrogarante fez a abertura do evento.
O dinâmico debate que se seguiu contou com a participação de José Godinho Calado, Diretor Regional da DRAP Alentejo, em representação do COTR – Centro de Competências para o Regadio Nacional, na qualidade de Administrador, José Núncio, Presidente da FENAREG – Federação Nacional de Regantes, José Pedro Salema, Presidente da EDIA, Francisco Campello, Sócio da AGRO.GES, responsável pela área de Avaliações e Planeamentos Estratégicos, e com a moderação de Luís Mira, Secretário-Geral da CAP.
O Webinar centrou-se na importância da água para a agricultura, enquanto recurso, e no debate fundamental de estratégias que permitam assegurar a sua disponibilidade em todo o território nacional, nomeadamente no que diz respeito a uma gestão eficiente da água.
Ao longo do debate foi possível compreender os diversos desafios e oportunidades que se colocam à Gestão da Água na Agricultura, assim como algumas medidas que podem fomentar uma gestão eficiente deste recurso fundamental para o setor.
António Gaspar, CEO da Agrogarante destacou a ligação e importância de cada uma das entidades presentes na abordagem à temática colocada em debate. Para António Gaspar a Gestão da Água é um tema crítico e deve ser pensado e analisado com toda a premência pelos agentes do setor, destacando o facto de 75% do total de água utilizada no país ser utilizada pela Agricultura. Apontou ainda para a importância do tema, face ao contexto do País no que diz respeito a recursos hídricos, considerando que o World Resources Institute refere que o país poderá enfrentar um cenário de escassez de água, nas próximas duas décadas, realizando uma projeção para 2040 em que classifica Portugal com risco elevado de stress Hídrico, sendo, todavia, o Sul a região mais vulnerável a esta situação.
António Gaspar reforçou uma vez mais que a missão da Agrogarante é apoiar as empresas, com uma atuação pautada pela proximidade, tendo, para o efeito, 6 agências espalhadas por todo o território nacional: de Vila Real a Ponta Delgada, passando por Coimbra, onde é servida pela Agência Coimbra Norte e pela Agência Coimbra Centro, por Santarém e Beja. Referiu ainda que a sociedade, cuja carteira de garantias vivas é de aproximadamente 1.000 milhões, continuará a sua missão de apoio ao setor.
De seguida Luís Mira iniciou o debate felicitando a Agrogarante pela iniciativa, que considera ser da maior importância para a agricultura. Para o Secretário-Geral da CAP, face às alterações climáticas e aos desafios que o setor enfrenta, a questão da gestão da água é aquela na qual nos devemos focar, considerando que o País deveria ter definido e estabelecido uma estratégia de aprovisionamento de água há muitos anos.
Para José Godinho Calado, considerando que Portugal tem um clima subtropical seco, com características muito próprias, que se deve à grande irregularidade das chuvas, quer dentro do ano, quer entre anos, torna-se fundamental aprovisionar a água "quando ela cai”. O Diretor da DRAP Alentejo e Administrador do COTR, considera que as questões relacionadas com a água e a sua gestão não podem ser olhadas a frio, mas sim sustentadas com números. José Calado Godinho apontou como medidas para um melhor uso da água, aquelas que são promotoras de informação e incentivam as pessoas a usar de forma mais sustentável a água, com recurso a tecnologia, nomeadamente tecnologia digital, que permite perceber claramente a água necessária, sem que exista um défice de utilização, mas também que a mesma não peque por excesso.
José Núncio, Presidente da FENAREG, destacou a importância do regadio, classificando o mesmo como "fundamental”. Para José Núncio, os investimentos feitos nesta área têm já muitos anos e é preciso revitalizar, tendo apontado as verbas do Programa Nacional de Investimentos alocadas à água, a rondar os 75 milhões por ano, como verbas que deveriam ser incrementadas. No que diz respeito a incentivos para uma gestão mais eficiente da água, o Presidente da FENAREG destacou a necessidade da continuidade das medidas, que muitas vezes acabam por não ser aplicadas devido a mudanças do quadro comunitário de apoio. A estabilidade das medidas e dos apoios é fundamental para o setor. Acrescentou ainda que é importante conjugar a eficiência hídrica com a eficiência energética, e, por fim, destacou a necessidade de se reforçar meios utilizando o PRR, realizando-se um levantamento de obras e infraestruturas a realizar.
José Pedro Salema, referiu considerar importante trabalhar nas diferentes "frentes”, quer no grande regadio quer no pequeno regadio, de cariz público e privado. O Presidente da EDIA reconheceu que o Alqueva nasceu de um alinhamento de condições, nomeadamente a vontade política, o recurso hídrico e o terreno. Todavia, pese embora seja difícil encontrar "outro” Guadiana, temos outros sítios para os quais podemos olhar, como o Mondego, a Cova da Beira, zonas com bolsas importantes de regadio e que podem ter uma Gestão Integrada do Regadio. Para José Pedro Salema será necessário modernizar e reabilitar infraestruturas, mas também promover um reforço da profissionalização de Gestão e apostar na Gestão Integrada da água que tem fins múltiplos. Por último, deu nota para a importância da questão energética, devendo o regadio tornar-se independente no que diz respeito à energia, apostando na transição energética.
Francisco Campello, sócio da AGRO.GES, evidenciou que, embora sejam as zonas mais a sul que têm maior stress hídrico, a água existente noutras zonas, como seja a bacia do Tejo, pode ser armazenada e distribuída. Para o responsável pela área de Avaliações e Planeamentos Estratégicos da AGRO.GES, dever-se-á olhar de forma integrada para o país. Considera Francisco Campello que devemos ser mais ambiciosos na expansão da rede de armazenamento, apontando ainda para aspetos como a modernização de infraestruturas de rega e incentivos na formação de agricultores, como fatores essenciais para a melhoria da eficiência da Gestão da Água na Agricultura.
Este foi um debate ativo e bastante participado, em que os oradores partilharam as suas visões para a Gestão da Água. Ressalve-se ainda que foi, de forma generalizada, apontada a necessidade de se colocar a Gestão da Água em Portugal, sob a alçada da Agricultura, considerando a elevada utilização que faz da mesma, e o seu carácter fundamental, na medida em que é esta atividade que nos providencia os alimentos de que precisamos para viver.
José Fernando Figueiredo, Presidente do Conselho de Administração da Agrogarante, encerrou a sessão, referindo-se ao tema em debate como uma questão crítica, não só para a Agricultura como para a humanidade. Entre os diversos aspetos debatidos, destacou três pontos, que considerou fulcrais, sendo eles a Gestão Integrada dos Recursos, considerando que o equilíbrio entre entidades privadas e entidades públicas poderá ser uma parceria virtuosa, atribuindo-se aos privados o que fazem bem e mantendo-se na esfera pública do estado as competências enquanto coordenador global para a afetação de meios necessários; a profissionalização, indispensável para se poder gerir recursos escassos; e, por último, o facto de que a alocação de água na produção implica energia, sendo fundamental promover a autonomia da gestão de recursos e assegurar a circularidade na economia. José Fernando Figueiredo terminou com um agradecimento aos oradores e à equipa da Agrogarante, afirmando o desejo da Agrogarante em continuar o seu ciclo de eventos, e colocar em agenda temas fundamentais para o setor.